A mudança como ciclo natural de vida

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Helena Martins

Nada neste mundo é estático. A mudança faz parte da vida e é inevitável. Basta olhar para a natureza e os seus diferentes cenários orquestrados pelas estações do ano. As diversas fases da vida humana, passando pelo nascimento, infância, juventude, envelhecimento e morte, vão igualmente refletindo a mudança numa renovação constante de células. Um pequeno curso de água flui entre duas margens e faz a sua jornada, por vezes extensa, até se alargar num estuário e se perder no mar. Ao longo dessa jornada existiu sempre constante mudança e fluidez. A Lua apresenta-nos constantemente a diversidade das suas fases. Tudo no nosso mundo é uma constante dança. Tudo é mudança e fluidez. Como poderia o Homem pretender não ser sujeito à mudança de vida? Na verdade terá de passar por múltiplas mudanças para que possa sobreviver.

O que significa mudar de vida?

De uma forma simples, podemos dizer que sempre que alteramos, modificamos ou transformamos de forma significativa quer os nossos hábitos, o nosso modo de vida, os relacionamentos ou mesmo o ambiente que nos circunda, estamos a proceder a mudanças. Essas mudanças podem ser decididas por nós ou ser-nos impostas por circunstâncias alheias à nossa vontade.

Várias imagens ilustrando diversas fases da vida. Marcos implicam mudanças de vida.

Vamos agora pensar em várias situações em que, mesmo sem saberes, estás a proceder a uma mudança de vida, quer seja para melhor ou pior. Podemos dizer que estes são marcos de vida:

  • Ao finalizar os estudos e iniciar uma carreira profissional.
  • Ao mudar de emprego.
  • Ao comprar uma casa ou ir morar para uma localidade diferente.
  • Ao casar ou iniciar uma vida em conjunto.
  • No nascimento de filhos
  • Numa separação ou divórcio.
  • Numa doença grave ou situação de dependência física ou psicológíca.
  • Na morte ou afastamento de algum ente querido.
  • Ao ganhar um prémio na lotaria.
  • Perante a subida ou queda abrupta da bolsa de valores. 

Será que é fácil proceder a uma mudança de vida?

Depende da personalidade de cada pessoa, mas, regra geral, não é fácil proceder a mudanças. Todos sabemos que para que possa existir crescimento é necessário passar por transformações. No entanto, uma coisa é saber e outra coisa completamente diferente é passar pelo processo em si. Afinal de contas, proceder a mudanças implica largar o conhecido e enfrentar o desconhecido, o que provoca sentimentos de medo e ansiedade.

Qualquer processo de mudança exige esforço, o desenvolvimento de novas competências e capacidade de adaptação. Por isso, é tão comum que pessoas se acomodem a situações lastimáveis e se sujeitem a uma vida de tristeza e infelicidade. O medo do desconhecido acaba por lhes produzir mais angústia do que a má situação em si.

Violência doméstica

É mais ou menos isto o que se passa nos casos de violência doméstica. Quer seja por estarem numa situação de dependência em relação ao agressor, quer seja por medo do desconhecido, há pessoas que se mantêm na condição de vítimas anos a fio, por vezes durante décadas ou mesmo uma vida inteira.

Por vezes torna-se necessário que o sofrimento provocado pela situação seja maior do que o medo de avançar no escuro. E neste ponto convém realçar que se estás a ser vítima de violência doméstica ou se conheces alguém nessa situação, deves denunciar o caso e recorrer à ajuda que é disponibilizada pela comunidade.

Um emprego detestável

Numa outra área de vida, a profissional, é muito comum que nos mantenhamos anos a fio num emprego que não gostamos. Quer seja porque deixámos de evoluir, quer seja porque somos desvalorizados, quer seja porque o ambiente é tóxico ou simplesmente porque estamos no ramo de atividade errado, a verdade é que ficamos reféns de um ordenado ao fim do mês.

È obvio que pode ser necessário estar algum tempo nessa situação de insatisfação. Afinal de contas, as oportunidades de emprego não abundam e há contas a pagar. Contudo, assim que tomes consciência de sentimentos de desânimo e desmotivação deves começar a tomar ações no sentido de proceder a uma mudança.

Cair em estagnação

Quando optamos pela opção aparentemente mais confortável e nos obrigamos a ficar no mesmo lugar, inevitavelmente enfrentaremos a estagnação. A vida perde a graça e o significado. A cada dia que passa nos vamos afastando da melhor versão de nós próprios que nos traria realização, energia e criatividade.

O facto é que todo o ser humano tem a necessidade de crescer e evoluir. E quando isso não acontece, advém um sentimento de vazio, tristeza e mesmo infelicidade. Portanto, não vale dizeres que já és velho ou que és demasiado novo ou que não sabes fazer mais nada. Certamente estarás sempre a tempo de mudar. Quem sabe dentro de ti não existem talentos nunca explorados que só esperam por uma oportunidade para emergir?

Como saber que é preciso mudar?

Existem sinais internos e externos que nos vão avisando da necessidade de proceder a mudanças. A maioria das vezes, ignoramos esses sinais através de desculpas e justificações elaboradas pela mente. Os sinais extremos traduzem-se na somatização de doenças físicas ou psicológicas, em que a depressão será talvez a mais comum.

Lembro-me de uma altura crítica do meu passado recente, em que me debatia entre “aguentar-me” ou despedir-me do emprego de muitos anos que deixara de me permitir crescer. O problema acentuou-se quando, além de não me sentir em expansão, comecei a sentir que estava perante uma regressão.

Sincronicidades

Passei então por uma fase em que frequentemente encontrava camionetes de mudanças e ouvia pessoas a falar que iam mudar de emprego ou de casa. Por e-mail, através de newsletters de mentores e autores que sigo, entravam-me também mensagens que abordavam a necessidade de mudança. Para mim começou a ser mais do que evidente que tinha de sair desse emprego, mas doía-me ainda o medo de deixar o certo para enfrentar o incerto. A segurança sempre foi muito importante para mim e estava naquela empresa há muitos anos.

Enquanto ia teimosamente resistindo, as coisas começaram a piorar até tudo se tornar insuportável. A cada dia havia novas imposições e comecei até a deparar-me com hostilidades por parte de colegas da equipa.

Sinais de tristeza e depressão

Então começaram a surgir em mim sinais internos mais fortes, como desmotivação e uma tristeza profunda. Essa tristeza evoluiu rapidamente para um princípio de depressão. Todo o meu interior gritava por liberdade e recomeço numa outra área que me permitisse realização e crescimento.

Nada do que estava a viver profissionalmente fazia sentido para mim. A determinada altura, uma simples formação oferecida pela própria empresa mostrou-me claramente que estava no lugar errado nessa fase da minha vida. No exterior, as newsletters traziam agora mensagens a dar força para deixar ir o que deixara de fazer sentido. Até as músicas falavam de novos rumos e liberdade.

Duas mãos abertas oferecendo uma folha amarelecida

“Sê como uma árvore e deixa as folhas mortas caírem”.

Esta frase de Rumi entrou-me uma manhã pelo computador e, de imediato, as lágrimas inundaram o meu rosto. Dois ou três dias depois estava a despedir-me, na sequência de uma nova imposição profissional que me desvalorizava.

Honrar quem somos e a nossa história de vida

Ali, apesar do medo e com essa citação ainda muito presente, tomei a decisão de me honrar. Tinha plena consciência que isso implicava assumir riscos. Assumi todos os riscos e abracei o desconhecido. Se tivesse ficado, tenho a certeza que hoje estaria infeliz, frustrada e deprimida.

Como podes ver, existiram muitos sinais que me fizeram ficar consciente da necessidade de uma mudança. Como eu, também tu deves prestar atenção ao que precisas mudar na tua vida. Presta atenção a sinais como o tédio, a falta de interesse, a apatia, a desmotivação, a sensação de vazio, a tristeza, a infelicidade e o descontrolo emocional. Tudo isto são sinais que te devem levar a uma reflexão profunda.

Mantém-te igualmente atento ao que acontece no exterior. Frequentemente, a nossa alma fala conosco através de metáforas, sincronicidades e coincidências. Mensagens valiosas podem surgir através de todos os canais. Mantém-te alerta e presente. Com o frenesim do dia-a-dia nem sempre isso é fácil, mas tens de te dispor a ver e ouvir esses sinais.

Quais são os passos necessários para a mudança?

Creio não ser absurdo afirmar que uma verdadeira mudança requer uma dose muito elevada de coragem. Digo isto porque é difícil encerrar ciclos ou sair de situações que, apesar de dolorosas, nos oferecem uma ilusória segurança.

O primeiro passo para a mudança é sem dúvida a tomada de consciência que esta é necessária. Convido-te a refletir acerca do seguinte:

  • Existem áreas da tua vida que requeiram mudança? Onde estás estagnado e o que te causa infelicidade?
  • É na carreira profissional? Sentes-te estagnado? Sentes que o teu potencial não está a ser utilizado? Queres experimentar outras atividades que nunca exploraste?
  • É na esfera dos relacionamentos? Desejas conhecer novas pessoas e estabelecer relacionamentos mais saudáveis e harmoniosos?
  • É algo em ti, nos teus hábitos, comportamentos ou na tua forma de ver a vida?
  • É algo que pode ser facilmente resolvido? Ou, pelo contrário, requer grandes mudanças?
  • Quais são os obstáculos que enfrentarás, caso precises efetuar uma mudança?
  • Quem te pode ajudar em todo esse processo?

A mudança pode requerer uma nova forma de pensar e encarar a vida. Por vezes, velhos paradigmas que nos acompanham por muitos anos e até mesmo desde a infância, precisam de ser derrubados para dar origem ao novo.

Não tens de o fazer sozinho e tens ferramentas à disposição, como as oferecidas pelo Life-Coaching, por exemplo. Se não sabes o que é e de que forma te pode ajudar, espreita este artigo: Life-Coaching: Tudo o que precisas saber.

Como acreditar numa mudança de vida?

Como vimos, a mudança faz parte da vida e é inevitável. Certas mudanças ocorrem devido à nossa vontade e iniciativa, enquanto muitas outras nos são impostas por circunstâncias externas. Por outro lado, não é fácil proceder a mudanças. Frequentemente, isso deve-se ao medo do desconhecido e ao não acreditar nas nossas próprias capacidades. Por isso se torna necessário enfrentar esse medo sempre que existem sinais claros de tristeza, desânimo, infelicidade e desmotivação.

Coragem para proceder a alterações

Antes de procederes a mudanças significativas, deves estabelecer um caminho entre o ponto não desejado em que vives hoje e o ponto que desejas alcançar. Vais precisar de coragem. De igual modo, muito provavelmente vais ter de proceder a alterações ao nível das tuas crenças e formas de interpretar a vida. Isto porque se continuares a fazer as coisas como tens feito até agora, vais inevitavelmente obter os mesmos resultados.

Ficar parado não é alternativa

Mudar e viver segundo a nossa melhor versão é possível. Muitas pessoas o fizeram e muitas outras o estão a fazer a todo o momento, reinventando-se e reinventando as suas circunstâncias de vida. Desse modo, se sentires que é necessário, trata de planear e levar a cabo a tua mudança. Ficares simplesmente sentado à espera que a tua vida mude para melhor não vai funcionar. Precisas tornar-te no agente principal da tua vida se quiseres andar para a frente.

Talvez mais importante do que acreditar numa mudança de vida seja acreditares em ti, nos teus talentos e nas tuas capacidades. No fim de contas, sejam quais forem as circunstâncias que estejas a viver, tu és capaz de dar a volta por cima.

O que fazer numa situação de insatisfação

Por fim, tem em atenção que quando tomas consciência que te encontras numa situação, seja em que área for, que te causa insatisfação ou mesmo dor, vais ter sempre de optar por alguma destas alternativas:

  • Resignação: Interiorizas que tens de ficar nessa situação, seja pelo motivo que for. Apesar da evidente insatisfação, simplesmente aceitas sem queixumes. Afinal de contas, tudo podia ser pior.
  • Reclamação: Desejas a mudança, mas escolhes manter-te na situação. Porém, reclamas de tudo e de todos. E vais espalhando veneno por todos à tua volta.
  • Mudança interna: Decides manter-te na situação, procurando mudar em ti a forma como interpretas essa experiência ou situação.
  • Mudança externa: Procuras formas de alterar a situação. Vales-te de todos os meios ao teu alcance ou de ajuda externa para mudar o que te provoca descontentamento.
  • Desistência: Procuras um plano alternativo e sais da circunstância assim que te for possível.

Se te encontras numa situação de insatisfação, pensa bem qual destas alternativas escolher. Não te esqueças de ficar atento a sinais internos e externos. No final, age de acordo com o teu coração. Ele sabe sempre o que é melhor para ti.

*Helena Martins é Terapeuta e Coach com foco em Propósito de Vida e Transformação Pessoal. Nas suas consultas utiliza ferramentas do Life-Coaching, da Terapia Transpessoal, do Método de Louise Hay e da Psicossomática.

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