Os desafios de uma autoestima demasiado elevada

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Helena Martins

Quando falamos sobre autoestima, geralmente interpretamos esse conceito de uma forma positiva. Afinal, é importante sentir-se bem consigo mesmo e saber valorizar as suas conquistas. No entanto, neste artigo vamos explorar um aspeto menos abordado deste tema que é a autoestima demasiado elevada. Embora possa parecer contraditório, a verdade é que o excesso de autoestima acaba por nos prejudicar a nível pessoal, social e profissional.

Quando é que a autoestima é considerada demasiado elevada?

Alguém com uma autoestima saudável apresenta-se com autoconfiança, elaborando uma apreciação realista de si mesmo.

Por outro lado, alguém que tem uma autoestima demasiado elevada apercebe-se a si próprio de uma maneira excessivamente positiva.

Seguem-se alguns sinais típicos de alguém com uma autoestima excessiva:

  • Senso de superioridade. Essa pessoa pode monopolizar as conversas, ter falta de empatia e menosprezar os demais.
  • Acredita que atingiu a perfeição. Como resultado, tem tendência a não tolerar críticas, o que o leva a negar ou negligenciar os seus pontos fracos.
  • Cada oportunidade que surge é vista como estando aquém do seu potencial. Por isso, acaba por recusar essas mesmas oportunidades que lhe poderiam trazer a hipótese de crescimento.
  • Pouca capacidade para aprender com os erros e adaptar-se a novas situações.
  • Preocupação excessiva com os seus próprios interesses e desejos, não deixando espaço para a conciliação com os interesses dos seus pares.
  • Tendência a culpar os outros pelos seus próprios erros, uma vez que não os consegue admitir.

Jovem mulher com uma coroa na cabeça e olhar sobranceiro, denotando uma autoestima demasiado elevada

Os benefícios e malefícios de uma autoestima elevada

Tudo na vida se reveste de pontos positivos e negativos e aqui não podia ser diferente.

Os benefícios de alguém com uma autoestima elevada advêm do facto de se acreditar fortemente nas suas próprias capacidades. Isso de alguma maneira pode revelar-se positivo em termos de desempenho e produtividade.

Relativamente aos malefícios, quando alguém se coloca num pedestal pode ser visto pelos outros como arrogante ou insensível. Isso pode levar a conflitos nos relacionamentos, agravos na reputação profissional e mesmo exclusão social.

Egocentrismo e narcisismo, quais as diferenças

Não podíamos deixar de referir que pode existir uma relação direta entre uma autoestima demasiado elevada e o egocentrismo e narcisismo. Vamos perceber melhor quais as diferenças entre estes traços, uma vez que ambos se relacionam com caraterísticas de personalidade que envolvem um foco excessivo em si mesmo:

Egocentrismo

O egocentrismo refere-se a uma tendência para pensar a partir da sua própria perspetiva, sem necessariamente envolver a preocupação com os sentimentos ou opiniões dos outros, se bem que essa preocupação possa ocasionalmente existir.

As pessoas egocêntricas podem ter dificuldade em compreender plenamente as emoções e pontos de vista dos outros, o que não significa que sejam completamente insensíveis às necessidades alheias.

Os seus comportamentos podem ser revestidos de egoísmo, mas não necessariamente de forma constante. Pessoas egocêntricas podem tomar decisões que as beneficiem somente a si mesmas, mas também podem mostrar comportamentos altruístas noutras ocasiões.

Narcisismo

O narcisismo envolve um grau excessivo de amor-próprio e uma visão de grandiosidade em relação a si mesmo. Os narcisistas geralmente acreditam que são especiais e superiores aos outros.

Os narcisistas têm uma tendência persistente a não se importar ou considerar os sentimentos e necessidades dos demais. Eles podem ser insensíveis às emoções alheias e têm dificuldade em desenvolver relacionamentos genuínos e empáticos.

Além disso, têm uma necessidade constante de serem admirados e elogiados. Eles buscam validação e atenção dos outros de forma exagerada, muitas vezes mentindo e manipulando para se destacarem.

Embora pareçam confiantes, os narcisistas são muitas vezes vulneráveis à crítica. Eles podem reagir de forma agressiva ou com raiva quando confrontados com suas próprias falhas ou quando percebem que não estão a receber a atenção e admiração que tanto desejam.

Segundo a psicologia e ao contrário do egocentrismo, o narcisismo é considerado um transtorno de personalidade.

Superar uma autoestima excessiva

Para desenvolvermos uma autoestima saudável, precisamos de cultivar um senso de autovalorizacão realista. É, pois, fundamental procurar um equilíbrio.

Seguem-se alguns critérios que podem ajudar a encontrar esse tão necessário equilíbrio:

Autoconhecimento:

Conhecer as nossas qualidades, limitações, valores e paixões vai certamente ajudar a manter uma perspetiva realista de nós mesmos. Isso envolve necessariamente refletir sobre as nossas experiências, atitudes e comportamentos, uma vez que a prática da autocrítica construtiva é muito importante. Será de extrema importância procurar ajuda profissional para encetar um processo de desenvolvimento pessoal.

Aceitação:

É vital aceitar que somos seres imperfeitos e que todos cometemos erros. Aceitar as nossas vulnerabilidades e aprender a lidar com as nossas falhas é uma parte importante do nosso crescimento pessoal.

Mulher com as mãos no coração, refletindo aceitação

Humildade e Gratidão:

Reconhecer que não somos superiores nem inferiores aos outros e valorizar as contribuições de cada pessoa à nossa volta é essencial para adquirir uma postura assertiva e para manter relacionamentos saudáveis. Da mesma forma, saber adotar uma atitude de gratidão ajuda-nos a reconhecer e valorizar as nossas conquistas, bem como as conquistas dos outros.

A gratidão é o único tesouro dos humildes

William Shakespeare

Conclusão

Embora seja importante ter uma autoestima saudável, é crucial evitar a armadilha de pender para uma autoestima demasiado elevada. Dessa forma, encontrar um equilíbrio saudável entre a autovalorizacão e o reconhecimento das nossas limitações é o caminho certo para o crescimento pessoal e para ter relacionamentos saudáveis.

A verdadeira transformação começa quando encontramos a harmonia entre o amor-próprio e a humildade. À medida que nos aproximamos de uma autoestima realista e saudável, abraçamos tanto a oportunidade de aprendizagem e evolução como de conexão com as pessoas ao nosso redor.

*Helena Martins é Terapeuta e Coach com foco em Propósito de Vida e Transformação Pessoal. Nas suas consultas utiliza ferramentas do Life-Coaching, da Terapia Transpessoal, do Método de Louise Hay e da Psicossomática.

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