Tens o hábito de ficar na tua zona de conforto?

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Helena Martins

É um facto que todos nós somos atraídos para o que nos dá prazer, evitando o que nos possa causar dor. Por isso, o trabalho da mente é encontrar desculpas para que tudo continue como está e para que nada mude. Enfim, para que nos mantenhamos na nossa zona de conforto.

O que é a zona de conforto

Para quem não saiba, em psicologia costuma dizer-se que a zona de conforto é determinada por qualquer tipo de comportamento que nos mantém num nível baixo de ansiedade.

Quando fazemos tarefas rotineiras como lavar os dentes, tomar o pequeno almoço, preparar as refeições a que estamos habituados ou ir para o trabalho pelo mesmo caminho de sempre, podemos dizer que estamos a operar através de piloto automático. Ou seja, limitamo-nos a seguir hábitos, cujos resultados bons ou satisfatórios já são do nosso conhecimento e nos permitem manter na tal zona de conforto.

Quando estamos na nossa zona de conforto temos uma sensação de segurança e bem-estar. Essa é uma zona onde não existem riscos, stress, angústias, dúvidas ou medos. Por isso, estar na zona de conforto é sinónimo de segurança e calmaria.

Os perigos de ficar eternamente em zona de conforto

Apesar da aparente segurança, o facto é que ao permanecer em zona de conforto acabamos por pagar um preço muito alto por essa mesma segurança. Eis quais são alguns dos perigos que se podem verificar tanto na área pessoal, dos relacionamentos, como na área profissional:

  • Não se permitir viver novas experiências. Ninguém consegue crescer e evoluir como ser humano negando novas experiências. Pode existir segurança, mas também existe limitação. Em outras palavras, se optares a todo o custo por te manteres na tua zona de conforto, mais tarde ou mais cedo, vais sentir o peso da estagnação.
  • Perder oportunidades. Quando fechas a porta ao novo, estás implicitamente a perder oportunidades que poderiam ser benéficas para ti. Por exemplo, novas oportunidades poderiam eventualmente permitir-te a descoberta de talentos que desconheces. Da mesma forma, poderias desenvolver novas competências capazes de te facultar a realização e plenitude. Em zona de conforto jamais realizarás todo o teu potencial.
  • Sensação de vazio, falta de motivação e insatisfação podem ser consequência da estagnação e da falta de um propósito. Afinal, em zona de conforto não existem conquistas e superações.
  • Sensação de rotina e tédio. Todos os dias se tornam iguais uns aos outros. Certamente que quando vives em constante calmaria, tens a sensação de que nada muda, que a vida é repetitiva e enfadonha.

Jovem mulher sentindo-se entediada e aborrecida. Talvez devesse sair da sua zona de conforto.

Sinais de estar preso à zona de conforto

Queres saber agora quando é que a tua mente se está a acomodar à zona de conforto? Pois fica sabendo que geralmente é através de pensamentos que funcionam como desculpas. E existem palavras que denunciam que a tua mente está a processar uma desculpa.

Desculpas através de certas palavras

O “Mas” é uma das palavras que mais antecipam uma desculpa. Vou-te mostrar de seguida alguns dos exemplos mais comuns em que a palavra é utilizada e algumas perguntas que podes querer utilizar quando tomas consciência que a estás a utilizar:

  • MAS É MUITO DIFÍCIL: Nunca fizeste coisas difíceis antes? Outras pessoas conseguiram fazer o que tu achas difícil? Se sim, porque não poderás tu?
  • MAS DEMORA MUITO TEMPO: A verdade é que o tempo irá passar quer tu faças ou não o que gostarias de fazer. A questão é não focalizar no tempo que se demora a alcançar um objetivo, mas sim em cada passinho que se vai dando rumo a esse objetivo.
  • MAS NÃO TENHO TEMPO: Aqui o desafio será perceber onde gastas o teu tempo. Podes fazer um inventário de tudo o que fazes num dia normal. Quanto tempo gastas nas redes sociais? Quanto tempo gastas a ver televisão ou a navegar na internet? Quanto tempo gastas em conversas fúteis?
  • MAS É MUITO ARRISCADO: Deves perguntar-te: “O que significa risco para mim?” “Já alguém fez o que me proponho? O que aconteceu?” “Nunca fiz nada de ariscado no passado que tenha corrido bem?” “Como posso diminuir o risco que possa existir no que quero fazer?” “A quem posso pedir ajuda?”
  • MAS É DESGASTANTE: Será que te sentes sobrecarregado? Como podes dividir as tarefas? Podes delegar algumas tarefas em alguém?

Da mesma forma, toma também atenção a outras palavras como: “TER DE”, “DEVERIA” e “E SE”.

Outros tipos de desculpas

Observa outros tipos de desculpas, como:

“NÃO É ESTE O MOMENTO CERTO”: A verdade é que nunca nos sentimos totalmente preparados. Por outro lado, desconfio que não exista esse momento certo que parecemos esperar. A vida passa e se não avançarmos, esse momento nunca chegará. Por isso, é melhor avançar mesmo que estejamos no “momento errado” por assim dizer.

“ISTO NÃO É PARA MIM”: Por vezes criamos uma ideia de que quem faz uma determinada atividade tem determinadas características e se não se tem essas mesmas caraterísticas, não faz sentido fazer essa atividade. Por isso, pensa primeiro se essa frase é mesmo verdadeira e não te estás a deixar dominar pelo medo do desconhecido. Até que ponto não podes ter talentos escondidos para desempenhares essa nova tarefa?

“EU NÃO SEI COMO ISSO SE FAZ”: Sim, podes não saber pois ninguém nasce ensinado. Mas podes aprender, certo? Em vez de bloqueares, procura por aprendizagem.

“ISSO NÃO VAI DAR CERTO”: Como sabes, já alguma vez o fizeste? E se já fizeste e falhaste, não podes usar novos métodos e tentar de novo?

“TENHO PREGUIÇA OU FALTA DE MOTIVAÇÃO”: Mais um motivo para tomares consciência que precisas urgentemente de uma mudança na tua vida. Se deixares ficar tudo como está, esses sintomas vão certamente persistir ou piorar.

“TENHO MEDO DAS CRÍTICAS DOS OUTROS”: Acredita que faças o que fizeres, haverá sempre pessoas a pensarem mal de ti e a criticarem-te. Importa-te mais com o que pensas sobre ti. Faz por te orgulhares de ti mesmo e isso será suficiente.

“SOU MUITO VELHO PARA ISSO.”: Estás vivo e ainda respiras? Então ainda vais a tempo pelo menos de tentar. Se morreres amanhã, ao menos terás tentado.

E tantas outras desculpas que a nossa mente cria para nos demover a sair da nossa zona de conforto. Consegues lembrar-te de outras desculpas que vens criando?

Bloco de notas, rodeado por uma chávena de café e uma caneta. No bloco de notas está escrito "A mudança acontece quando sais da tua zona de conforto".

Como sair então da zona de conforto?

O primeiro passo para sair da zona de conforto é tomar consciência dessas frases que a mente cria, para de seguida as questionar. Ao mudar a forma como vês os medos que se escondem por detrás dessas desculpas, podes mudar o modo de pensar e trazer poder pessoal para a tua vida. Esta é uma forma de sair da zona de conforto.

Não se pode dizer que seja tarefa fácil. Afinal de contas, analisar e questionar os seus próprios pensamentos implica vencer resistências e aceitar a necessidade de mudança interior. Em suma, envolve mexer com crenças, memórias e emoções profundas.

Não é fácil, mas é possível. Compromete-te a acabar com as tuas desculpas. Coloca numa lista todas as desculpas que vens criando. Para cada desculpa que usas com frequência, procede à sua reformulação escrevendo afirmações positivas. Por exemplo, troca “Não tenho tempo” por “Eu arranjo sempre tempo para o que é importante para mim”.

“O progresso é impossível sem mudança; e aqueles que não conseguem mudar as suas mentes não conseguem mudar nada”.

George Bernard Shaw

Igualmente importante será iniciar ou aprofundar um processo de desenvolvimento pessoal. Decerto que tomar consciência do teu mundo interno, de quem és na tua essência e do que te faz realmente feliz, vai devolver-te a motivação necessária para procurares sair da tua zona de conforto.

Alguns desafios a considerar

Proponho-te alguns desafios para habituar a tua mente a sair da zona de conforto sem grandes ansiedades:

  • Encara os teus medos. Aceita e aprende que os teus medos e ansiedades podem jogar a teu favor e tornar-se numa alavanca poderosa para uma mudança positiva. Aprende a gostar do desconhecido. Procura antever uma certa excitação em não saber o que vai acontecer depois. E, na realidade o desconhecido pode trazer-nos novas experiências, oportunidades e boas surpresas. Procura pensar que muitas coisas boas estão ainda por aparecer e se encontram neste momento no campo do desconhecido.
  • Sai da rotina habitual e faz alguma coisa que nunca fizeste antes. Como aprender um novo idioma, escrever um artigo para uma revista ou aprender a tocar um instrumento musical. Podes também mudar de hábitos alimentares ou usar a cada dia caminhos diferentes para ir para o trabalho.
  • Em vez de assistires TV ou navegares na internet, experimenta usar esse tempo para falares com alguém a quem já não falas há algum tempo, para passeares no parque ou ler o livro que queres ler há muito.  
  • Viaja e procura conhecer novas pessoas. Viajar é uma das melhores maneiras que conheço de se sair da zona de conforto. Vais poder conhecer novas pessoas, novos ambientes, novas culturas e maneiras de ver a vida.

Conclusão

A mudança verdadeira só pode acontecer quando colocamos um basta nas circunstâncias em que vivemos, determinando o fim de algo que se apresentava a nossos olhos como seguro. Isso pode ser um emprego, um relacionamento ou qualquer outra circunstância que deixou de nos servir.   

Ao sairmos da nossa zona de conforto crescemos enquanto pessoa, tornando-nos mais confiantes em nós e nas nossas capacidades. Para isso precisamos começar a mudar as nossas crenças em relação ao que conseguimos e ao que não conseguimos fazer. À medida que vamos executando com maior frequência atividades que inicialmente nos criavam muita ansiedade e medo, vamos acabar por sentir a diminuição dessas mesmas emoções.

*Helena Martins é Terapeuta e Coach com foco em Propósito de Vida e Transformação Pessoal. Nas suas consultas utiliza ferramentas do Life-Coaching, da Terapia Transpessoal, do Método de Louise Hay e da Psicossomática.

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