Propósito de Vida: Sabes qual é o teu?

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Helena Martins

Este é um tema muito atual nos dias de hoje. E, talvez por ter sido abordado por múltiplas perspectivas, acabou por dar origem a alguma confusão. Não obstante, julgo ser do consenso geral que propósito de vida está ligado ao que nos causa paixão e realiza. É algo para o qual somos competente e temos talento. Por isso, quando vivemos segundo um propósito, não damos pelo tempo a passar. Atingimos o chamado estado de flow e é como se estivessemos a operar através de uma outra dimensão.

O que é o Propósito de Vida

Se bem que para a maior parte das pessoas, tenha a ver com o trabalho exercido, para algumas outras pode tratar-se simplesmente de um determinado estilo ou projeto de vida. De uma forma ou de outra, não tem necessariamente de resultar em algo grandioso ou significativo para o mundo.

O teu Propósito de vida está enraizado na tua essência e identidade. É aquilo que te faz ser diferente. É o que transforma a tua vida para melhor. E, por arrasto, é o que transforma a vida dos que estão ao teu redor. Ou seja, é o legado que precisas deixar no mundo.

Por isso, o teu Propósito de vida tem tudo a ver com o serviço que entregas aos outros, quer seja a sociedade, uma instituição, empresa ou mesmo a família. Basta-te que estejas a entregar o melhor que tens em ti. Por conseguinte, nesse serviço que entregas, têm de estar presentes as tuas capacidades e os teus dons. Acima de tudo, tem de estar presente o amor, ou melhor, tens de te tornar no próprio amor enquanto o realizas.

Qual a importância de ter um propósito de vida

Ter um propósito de vida mais não é do que ter uma direção, um norte. Em suma, funciona como uma espécie de guia que nos orienta ao longo do caminho e nos mostra os passos que temos de dar. Através dele, a vida torna-se mais leve. Do mesmo modo, ganhamos motivação, entusiasmo e energia. Logo, a vida ganha sentido e significado. E isso contribui necessariamente para a nossa saúde e bem-estar.

No lado inverso, alguém sem propósito é alguém sem rumo. Convive com uma sensação constante de frustração e vazio existencial. Muitas pessoas sentem-se tristes e deprimidas porque não conseguem encontrar motivos para continuar a viver. Geralmente descrevem a vida como algo repetitivo e gasto e sentem não ter uma vida com significado. E isso deve-se exatamente a não ter um Propósito pelo qual lutar.

Metáfora da Catedral

Nada melhor do que uma metáfora, para ilustrar este tema e as suas implicações.

Era uma vez um viajante que ao chegar a uma terra distante se deparou com uma obra em princípios de construção. Nela trabalhavam três pedreiros.

O viajante aproximou-se dos homens e perguntou a um deles o que estava a fazer. O homem, com um semblante de dor e sofrimento, respondeu rudemente que estava a colocar pedras. Aproveitou para reclamar das más condições e das dificuldades do trabalho que lhe causavam dores constantes.

Não satisfeito, o nosso viajante colocou a mesma pergunta ao segundo homem. Este respondeu que estava a ganhar a sua vida. Confessou que estava conformado porque ao final do dia levava o sustento para a sua família. Mas era visível que não estava realizado e que o seu trabalho era encarado somente como uma obrigação.

O viajante falou então com o terceiro homem. Na realidade, ele queria muito saber que obra nasceria ali, naquele amplo espaço. O trabalhador, com um brilho enorme nos olhos, não tardou em responder-lhe. Com vigor e orgulho, afirmou que estava a construir uma Catedral. Explicou ainda que se sentia feliz por poder participar num grandioso empreendimento que seria um legado para as gerações vindouras. Os seus dois colegas encolheram os ombros e continuaram a partir e colocar pedras.

Uma catedral de fundo. Três figuras de operários: dois insatisfeitos com o trabalho e um terceiro motivado e feliz. A foto serve de ilustração para o significado do propósito de vida de cada um de nós

Três pedreiros, três visões diferentes

Ora, como todos nós somos construtores da nossa própria vida, será útil refletirmos sobre com qual destas respostas nos identificamos.

1) Simplesmente insatisfeitos, a executar o nosso trabalho mecanicamente. Dia após dia, passando de tarefa em tarefa, desinteressados da visão final do que estamos a fazer. Reclamando por tudo e por nada.

2) Não realizados, apesar de conformados com a nossa sorte. Ou seja, tal como no caso anterior, a trabalhar simplesmente para ganhar o ordenado ao fim do mês.

3) Sentindo orgulho e paixão pelo que que fazemos. Realizando o nosso trabalho com afinco e dedicação. Sentindo motivação e entusiasmo renovado.

No final, o que andamos a fazer? Estaremos a participar ativamente na construção da grandiosa Catedral que simboliza a nossa própria vida?

“Escolhe um trabalho que gostes e não terás de trabalhar nem um dia da tua vida”

Confúcio

Como descobrir o propósito de vida

Descobrir o Propósito de Vida requer trabalho de introspeção e autoconhecimento. E isso não se realiza de um dia para o outro, nem tão pouco se consegue descrever em poucas linhas. Posso, talvez, dar-te um pequeno vislumbre ao apresentar-te o Ikigai.

O Ikigai

Ikigai é uma palavra japonesa que significa “razão de viver” ou “força motriz para viver”. De acordo com os japoneses, todas as pessoas têm um Ikigai. É somente necessário descobrir qual é.

Para encontrar o Ikigai, são propostas quatro perguntas. Ao reunir as respostas, teremos a solução. Precisamos ainda de encontrar um equilíbrio estre todas elas.

As quatro perguntas do Ikigai

  1. O que é que gostas de fazer? – Faz uma lista, de preferência em papel, com tudo o que gostas de fazer. Neste ponto deves colocar mesmo tudo o que gostas de fazer, ainda que algumas coisas te possam parecer insignificantes. Se pudesses, o que farias todos os dias da tua vida?
  2. O que é que fazes bem feito? – Das atividades que listaste, quais delas fazes muito bem? Em quais sentes que tens uma certa habilidade inata? O que é que fazes e é elogiado pelos outros? Por vezes, não valorizamos os nossos talentos, porque são algo que simplesmente sai e não requer esforço da nossa parte. É como se partíssemos do princípio que todas as outras pessoas têm em si esses talentos, o que obviamente não corresponde à verdade.
  3. Por quais dessas atividades poderias ser pago? – Escolhe as atividades que gostas de fazer, que fazes bem e para as quais poderias muito bem ser pago. Mesmo que nunca tenhas pensado cobrar por essas coisas, considera agora formas de as melhorar, apresentar e precificar.
  4. O que o mundo precisa? – Das atividades que se enquadram nos três pontos acima, escolhe agora aquelas que sabes que o mundo precisa. O que escolheres tem de acrescentar valor ao mundo. Tem de preencher uma necessidade específica.
Foto de uma chávena de café, um guardanapo e uma caneta. No guardanapo está escrito o diagrama do Ikigai

Ao terminares de responder a estas perguntas, terás encontrado o teu Ikigai, o que tem uma forte correspondência com o Propósito de Vida.

Perguntas de reflexão

Se estás mesmo determinado a descobrir qual o teu Propósito de vida, deixo-te aqui algumas perguntas que te podem igualmente ser úteis. Demora o tempo que for preciso a responder e sê honesto nessas respostas.  

  • Sentes entusiasmo com a vida que tens presentemente?
  • De que forma é que aquilo que fazes profissionalmente afeta ou interfere com a tua vida pessoal, familiar ou de amizades?
  • O que gostas de fazer como hobbies? Colecionas alguma coisa? Crias ou constróis alguma coisa?
  • O que gostavas mais de fazer quando eras criança?
  • O que gostarias de fazer todos os dias da tua vida, se não precisasses de ganhar dinheiro?
  • Quem são as personalidades ou pessoas que mais admiras e te inspiram? Porquê?
  • Em que lugar te encontras, relativamente à pessoa que gostarias de ser?
  • O que o coração te impele a fazer agora?
  • Precisas de mudar de direção? E que direção seria essa?
  • Como podes trazer valor à vida das outras pessoas?

Como viver segundo o teu propósito

Depois de fazeres o trabalho interno necessário para identificar qual o teu Propósito de Vida, precisas de o materializar, ou seja, de transformar essa tua visão em realidade. Esta pode ser uma etapa complicada. Por um lado, pode acontecer que a tua visão te pareça muito difícil ou mesmo impossível de realizar. Por outro lado, pode parecer que está tudo muito distante.

No entanto, não te assustes porque é normal que isso aconteça. Precisas de construir a ponte que te vai ligar ao ponto que pretendes. Esse processo é moroso e requer persistência, mas tem de ser feito.

Estrutura a considerar

  • Numa folha de papel, cria duas colunas. Numa coloca as vantagens que terás quando viveres segundo o teu Propósito. Na outra, coloca as desvantagens. No final, as vantagens têm de ser superiores às desvantagens. Caso contrário, não vale a pena continuares este trabalho pois não terás ainda encontrado o teu propósito;
  • Conversa com pessoas que já alcançaram o que queres para ti. Ou procura livros e informações que estes tenham partilhado com o mundo. Isso pode dar-te pistas valiosas dos passos que precisas dar;
  • Identifica tudo o que precisas de fazer para alcançar esse propósito. Define as tuas metas;
  • Divide essas metas em pequenos objetivos que podes ir realizando ao longo do tempo. Estabelece os prazos de execução para cada objetivo;
  • Cria um “Vision Board” ou coloca imagens que te relembrem do teu propósito em locais visíveis da tua casa ou escritório;
  • Sê persistente e não desistas ao primeiro obstáculo. Vais precisar de determinação e disciplina. Por vezes, quando acumulamos funções, temos de prescindir de horas de sono e de lazer. Não obstante, quando é para o bem maior, acaba por valer a pena o sacrifício. De qualquer forma, determina momentos de pausa e celebra cada vitória que vás tendo;

O que fazer para viveres segundo o teu propósito

Para viveres segundo o teu propósito, é essencial que saibas quem és, quais são os teus valores e o que te motiva e realiza. Da mesma forma, é importante que sigas os teus sonhos pois estes são peça-chave para identificar qual o teu propósito.

Frequentemente, muitas pessoas pensam que quando se estiver a viver segundo o seu propósito de vida, todos os problemas vão desaparecer. Ou que ficaremos para sempre em estado de “graça”. Contudo, isso não é verdade porque os desafios vão existir sempre. Por conseguinte, vais ter de realizar determinadas tarefas que não gostas de executar mas que são necessárias e contribuem para o teu crescimento. Vais passar por decepções e frustrações e muitas vezes vais ter vontade de desistir. Contudo, garanto-te que no dia seguinte te vais levantar com energias renovadas. E vais começar tudo de novo. Porque no teu interior sentes que é esse o teu caminho.

Crescimento e amadurecimento

No final, o propósito de vida de todos nós, apesar de ser diferente de pessoa para pessoa, passa por ser o crescimento e amadurecimento. Todas as experiências que tiveste, toda a tua história, já fazem parte do teu propósito de vida. Este esteve sempre presente em ti e tu não sabias.

Lembra-te sempre que o teu propósito de vida te direciona para a entrega de um serviço. Ou seja, precisas de dar ao mundo o melhor que tens em ti. Precisas de entregar amor. Deves, por isso, refletir se estás preparado para essa entrega.

  • Resolveste todas as tuas feridas emocionais?
  • Aceitaste o teu passado e a tua história?
  • Perdoaste a todas as pessoas que tinhas de perdoar, inclusive a ti próprio?
  • Estás de bem com a vida e contigo próprio?

Se sentes que está na hora de iniciar ou aprofundar um processo de desenvolvimento pessoal, agenda consulta comigo aqui. Será um privilégio poder acompanhar-te.

*Helena Martins é Terapeuta e Coach com foco em Propósito de Vida e Transformação Pessoal. Nas suas consultas utiliza ferramentas do Life-Coaching, da Terapia Transpessoal, do Método de Louise Hay e da Psicossomática.

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