Quando se coloca a pergunta se será importante seguir os sonhos, algumas pessoas respondem não ter sonhos. Depois ficam por instantes a pensar acerca do assunto. O facto é que, bem lá no fundo, todos sabem que têm sonhos. Os sonhos sempre fizeram e farão parte de nós, seja qual for a nossa condição de vida. Em todos os nossos bons e maus momentos.
Razões para colocar os sonhos de parte
Pode acontecer é que tenhamos decidido colocar os sonhos de parte pelas mais variadas razões, como por exemplo:
- Por conveniências ideológicas ou mesmo por imposições familiares e sociais;
- Considerar que não produzirão uma fonte de rendimento efetiva;
- Considerar que se é demasiado velho ou jovem para os conseguir realizar;
- Sentir que não se tem o talento necessário;
- Considerar que não se tem o apoio dos amigos ou familiares;
- Considerar não ter tempo para desenvolver tudo o que é necessário;
- Não fazer ideia de como alcançar esses sonhos;
- Simplesmente não acreditar que estes sejam possíveis de realizar;
- Ter feito tentativas no passado para alcançar esses sonhos e ter fracassado.
Apenas desculpas e justificações
Na verdade, todas as razões invocadas anteriormente podem ser consideradas como desculpas para não fazer o que precisa ser feito. Por isso, se costumas utilizar alguma destas justificações, sugiro-te que faças uma pesquisa na internet para saber se não existem pessoas que tenham conseguido realizar os seus sonhos e alcançado o sucesso.
Vais certamente chegar à conclusão que muitas pessoas obtiveram o que ambicionas independentemente da idade, da aparente falta de tempo ou da falta de apoio de amigos ou familiares. Muitos começaram do zero e com pouco dinheiro na conta bancária. De igual forma vais perceber que outras pessoas desafiaram a suposta falta de talento e avançaram na mesma. Pelo caminho, adquiriram as competências que lhes faltavam e encontraram capacidades que desconheciam. Ou então dispuseram-se a aprender com quem já tinha conseguido alcançar o mesmo que pretendiam alcançar. Vais perceber ainda que quem hoje tem sucesso provavelmente já fracassou em algum ponto no seu passado.
Não é necessário trabalho nem esforço? Se alguém te disser isso, não acredites. É necessário trabalho, tempo, esforço e, muitas vezes, sacrifícios pessoais que nem todos estão dispostos a ter. E sobretudo, precisas de acreditar que o teu sonho é possível de alcançar. Se acreditares que não vais conseguir, então não irás mesmo conseguir. Tens também de interiorizar que pode ser preciso fracassar algumas vezes (ou mesmo muitas vezes) para atingir o tão desejado sucesso.
“Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os sonhos não têm alicerces. Sem prioridades, os sonhos não se tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça prioridades e corra riscos para executar os seus sonhos. Melhor é errar por tentar do que errar por se omitir!”
Augusto Cury
Vais perceber ao longo deste artigo que para ser feliz é importante seguir os sonhos. Contudo, por enquanto vamos debruçar-nos acerca do que significa a felicidade.
A felicidade ao longo da história
Ao longo da história da humanidade, muitos filósofos estudaram e analisaram o que é a felicidade e como a alcançar.
Aristóteles:
Para este filósofo a felicidade surgia, sobretudo, através da virtude. Estaria relacionada com o equilíbrio e a harmonia que resultam da prática do bem.
Epicurismo:
Para os epicuristas, cujo objetivo é alcançar o prazer através da remoção da dor física e da ansiedade mental, a felicidade ocorreria através da satisfação dos desejos naturais. Paralelamente, dever-se-ia prescindir de todos os desejos não naturais, como a ambição de poder político ou a fama. Para eles, satisfazer os desejos naturais seria algo tão elementar como cuidar do corpo para evitar a dor física, usufruir do conforto de um abrigo, adotar uma alimentação simples e saudável, bem assim como valorizar os prazeres do sexo, companheirismo, aceitação e amor.
Estoicismo:
Para os estoicos, a felicidade seria atingida através da razão, da virtude, do autocontrole, da bravura, da justiça, da moderação e da sabedoria.
Lao Tsé:
Para este filósofo chinês da antiguidade, a felicidade teria como modelo a natureza. Ele acreditava que a felicidade existe no nosso interior, independentemente das circunstâncias ou meios externos.
Confucionismo:
Confúcio acreditava igualmente que as riquezas e a posição social, na ausência da integridade, são efémeras e não conduzem à felicidade. Dessa forma, a felicidade surgiria do vínculo e da harmonia entre as pessoas.
Freud:
Freud afirmava que a busca da felicidade é utópica. Ele acreditava que a felicidade total não existe, uma vez que dependemos do mundo real e como tal estamos sempre sujeitos à frustração.
Budismo:
Para os budistas, a felicidade surge através da libertação do sofrimento e pela superação do desejo, através do controlo mental.
Cristianismo
Para os cristãos, a felicidade é baseada no amor. Só o amor poderá conduzir à paz a todos os níveis.
A felicidade nos dias de hoje
Como podes ver, não é nem nunca foi fácil em nenhum tempo da história da humanidade encontrar um significado ou a fonte para a felicidade. No último século essa questão deixou de ser abordada apenas pela filosofia e religião, passando também a ser matéria da psicologia. Até a economia, em certa medida, se interessou pelo tema, ao desenvolver estatísticas com o intuito de analisar se a riqueza teria algum impacto na felicidade.
Será que tem fundamento a visão materialista dos tempos atuais, em que é insinuado que basta ter determinados bens (o maior número possível, de preferência) para se ser feliz? Será que é necessário ser-se rico para se ser feliz? Ou será que a felicidade pode ser alcançada por alguém com modestos recursos financeiros? Os resultados dos estudos efetuados, apesar de indicarem que uma boa fonte de rendimento ajuda sempre à felicidade, aproximaram-se também das suposições dos grandes pensadores da antiguidade, que acreditavam que a riqueza era importante fundamentalmente para satisfazer as nossas necessidades básicas (abrigo, alimentação, saúde e conforto).
Do que depende afinal a Felicidade
Será razoável afirmar que a felicidade depende de estarem garantidos componentes básicos como alimentação, abrigo, segurança, saúde e conforto. Poderemos também introduzir alguns ingredientes importantes como:
- Estar ciente dos seus sonhos e disposto a segui-los, apesar dos obstáculos;
- Ter objetivos de vida e estar a caminhar para a sua realização;
- Estar a agir de acordo com a sua própria natureza, valores e convicções;
- Estar a utilizar os seus talentos, competências e habilidades;
- Estar a crescer e a superar desafios pessoais.
A felicidade manifesta-se em termos de saúde?
Mais recentemente, a psicologia positiva estabeleceu uma relação entre a felicidade e um sentimento de satisfação perante a vida ou a capacidade de experimentar frequentemente emoções positivas como a alegria e a motivação.
Ao realizar atividades que fazem parte das nossas paixões, o cérebro liberta hormonas como a serotonina, a endorfina, a dopamina e a oxitocina. Estas são as chamadas “hormonas da felicidade” por produzirem alegria, prazer e bem-estar, reduzindo os níveis de stress.
Sabemos que pessoas felizes ficam doentes com menos frequência. As emoções positivas, como o entusiasmo, a perseverança, a resiliência e a habilidade de encarar as adversidades da vida podem reduzir o risco de doenças cardiovasculares, por exemplo.
É também verdade que as pessoas felizes tendem a cuidar melhor de si próprias, preocupando-se com a sua saúde física, mental, emocional e espiritual. Procuram uma alimentação saudável, praticam exercício físico e um estilo de vida equilibrado. Assim, podemos dizer que a felicidade contribui de facto para a saúde. Sendo felizes, podemos viver melhor e por mais tempo.
E ter saúde contribuí para a felicidade?
E considerando o oposto, será que a saúde em si contribui para a felicidade? Sim, contribui. É um facto que sermos saudáveis contribui fortemente para a tão desejada sensação de bem-estar e satisfação perante a vida. Porém, este não é um critério decisivo. Verifica-se que é possível ser-se feliz apesar de se ter doenças. Na verdade, muitas pessoas afirmam ter encontrado a felicidade exatamente por causa das doenças. Parece impossível, mas é verdade. Pessoas ansiosas aprenderam a relativizar e relaxar devido ao aparecimento de doenças. Pessoas que anteriormente viviam exclusivamente para o trabalho, aprenderam a usufruir da vida, a valorizar os relacionamentos e a família. Outras pessoas descobriram capacidades internas que lhes trouxeram a sensação de empoderamento. Muitas outras pessoas, ao superar doenças, encontraram um propósito de vida que passava por ajudar outras pessoas em processos semelhantes ao seu.
A importância de seguir os sonhos
Não se pode deixar de realçar que, como vimos anteriormente, o conceito de felicidade é subjetivo. A interpretação da palavra em si varia de país para país, conforme a cultura e religião de cada povo. Diria até que dentro do mesmo país e cultura, o conceito de felicidade dependerá sempre de fatores que divergem de pessoa para pessoa. Afinal, cada pessoa reage à vida de modo diferente, consoante as suas próprias crenças e suposições.
Ainda relativamente à riqueza, é um facto que poderemos, certamente, obter alguns momentos de felicidade ao concretizar desejos materiais. Porém, esses objetivos não nos garantem uma felicidade duradoura, na medida em que a sensação de bem-estar que entregam é temporária. Os bens materiais acabam por perder o brilho inicial, deterioram-se com o tempo ou tornam-se obsoletos. Assim que temos uma coisa começamos logo a aspirar pela posse de outra coisa e depois ainda outra e outra coisa. As indústrias sabem disso e vão sempre dando passos para conceber novos produtos, novos modelos mais eficazes e modernos. É certo que a tecnologia vai evoluindo, devido a esta necessidade de constante recriação, mas também é certo que somos iludidos ao seguir toda uma onda consumista, acreditando que seremos mais felizes se tivermos mais bens materiais.
Felicidade é um estado de ser. É algo que provêm do nosso interior e não resultado da acumulação de bens materiais. Algumas pessoas acumularam grandes quantidades de dinheiro, contudo sentem-se vazias. Outras pessoas vivem com poucos recursos financeiros e no entanto sentem-se realizados.
Procurar a felicidade no nosso interior
Mais importante do que procurar a felicidade através do exterior, será certamente procurar no nosso interior. Seguem-se alguns fatores que me parecem fundamentais:
- Procurar dar os passos necessários para seguir os nossos sonhos mais profundos.
- Ter objetivos de vida que passem por colocar no mundo o melhor que temos em nós.
- Respeitar a nossa natureza e a nossa forma de ser, evitando comparações com as pessoas que nos rodeiam.
- Buscar o crescimento interno e fazer por ser uma melhor pessoa a cada dia que passa.
- Procurar curar relacionamentos e fomentar amizades.
- Agir sempre de acordo com os nossos valores morais.
- Cultivar o otimismo e o equilíbrio físico, mental, emocional e espiritual.
Se tiveres tudo isto garantido na tua vida, provavelmente não darás tanta importância à acumulação de bens materiais. O que não quer dizer que sejas infeliz se a isto juntares riqueza material. Contudo, se pretenderes acumular riqueza material sem atenderes a estes requisitos, será pouco provável que consigas ser feliz.
Quanto valem os teus sonhos?
Os teus sonhos, sejam quais forem, são provavelmente o bem mais precioso que tens. Como tudo na vida, é somente necessário que tomes consciência desse facto. Ao longo da história, muitas pessoas venderam tesouros incalculáveis por preços insignificantes, por não terem noção do seu valor. Não sejas uma pessoa assim. Não estabeleças comparações entre os teus sonhos e os sonhos dos outros. Os sonhos dos outros são importantes para os outros e os teus sonhos são importantes para ti.
Por os teus sonhos serem diferentes dos sonhos dos outros, muitas pessoas irão duvidar dos teus projetos. Poderão mesmo tentar abalar-te e demover-te de prosseguires o teu caminho. Alguns o farão por inveja, outros por ignorância ou pensando estar a proteger-te. De uma forma ou de outra, não te estarão a valorizar. Tem sempre presente que és tu quem tem de se valorizar e lutar pelos teus sonhos, não os outros.
Não desistas nunca daquilo que queres. Por mais difícil que possa parecer, é importante seguir os teus sonhos. Por mais obstáculos que encontres pelo caminho, insiste e persiste. Mesmo que fracasses à primeira, tenta outra vez e outra e outra… até chegares onde precisas chegar. Nada é impossível de ser alcançado.
Lembra-te que os teus sonhos valem ouro. É através da sua realização que poderás obter uma felicidade duradoura. Não os seguir conduz a uma angustiante sensação de vazio e não realização.
Questões para encontrares os teus sonhos
Para seguires os teus sonhos, é preciso que desenvolvas os teus talentos e capacidades. Esses talentos permitem-te expressares-te criativamente e, através dessa criatividade, oferecer o melhor de ti ao mundo. Em troca da expressão dessa criatividade serás recompensado com formas de energia, que podem ir desde dinheiro, a reconhecimento ou autoridade.
Agora que sabes o quão é importante seguir os nossos sonhos, talvez queiras obter mais clareza acerca de quais são em concreto esses teus sonhos. Experimenta colocar-te as seguintes questões:
- Quais são as coisas que me trazem realização e felicidade duradoura?
- Qual é o meu propósito de vida?
- Como seria o meu dia perfeito?
- De que forma poderei contribuir para um mundo melhor?
- Sei qual é o caminho que tenho de percorrer e quais os passos que devo dar?
Seguir os nossos sonhos, regra geral implica coragem e determinação. Muitas vezes há mesmo um preço a pagar. Se precisares de ajuda externa para obter clarificação acerca do teu propósito ou da melhor forma de dares o teu contributo ao mundo, pode ser uma mais-valia recorrer ao Life-Coaching. Não aceites justificações para colocar os teus sonhos de lado. Da mesma forma, não descures o trabalho interior que eventualmente seja necessário para que te tornes na pessoa que necessitas ser. Tu mereces realizar o teu potencial mais elevado.
*Helena Martins é Terapeuta e Coach com foco em Propósito de Vida e Transformação Pessoal. Nas suas consultas utiliza ferramentas do Life-Coaching, da Terapia Transpessoal, do Método de Louise Hay e da Psicossomática.