Será o perfeccionismo bom ou mau?

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Helena Martins

Como tudo na vida, o perfeccionismo tanto pode ser “bom” como pode ser “mau”. Neste artigo, iremos explorar o que é e quais os tipos de perfeccionismo que existem, quais os aspetos positivos que lhe estão associados e quando acaba por se tornar um problema, a diferença entre perfeccionismo e excelência e como superar esse traço de personalidade quando se revela doentio.

O que é afinal o perfeccionismo?

O perfeccionismo é definido pela procura constante da perfeição. Verifica-se que é muitas vezes acompanhado pela tendência de definir padrões extremamente altos ou mesmo impossíveis de ser alcançados. Pode envolver uma autoavaliação rigorosa e uma atenção minuciosa aos detalhes.

Assim, podemos dizer que, na maior parte dos casos, a pessoa perfeccionista acredita que é possível alcançar a perfeição. Tem também muito medo de errar.  As falhas e os erros provocam-lhe sentimentos de frustração e inaptidão. Por causa disso, possui normalmente um alto padrão de cobrança, quer seja sobre si mesmo, quer seja sobre os outros.

Um dedo masculino apontando para resultados cinco estrelas, sugerindo um ideal de perfeccionismo.

Quais os tipos de perfeccionismo

O perfeccionismo pode manifestar-se de diferentes formas, conforme as causas subjacentes como experiências de infância, expetativas familiares, autocrítica excessiva, necessidade de controlo, modelos de perfeição socialmente impostos, entre outros. Por outro lado, o perfeccionismo também pode ser consequência de transtornos psicológicos, como ansiedade e transtorno obsessivo compulsivo (TOC), por exemplo. Vejamos agora quais são os principais tipos de perfeccionismo:

  • Perfeccionismo orientado para si próprio: Neste tipo, a pessoa estabelece padrões extremamente elevados para si mesma e esforça-se excessivamente para que tudo o que executa resulte na perfeição. Pode estar à procura da excelência, impulsionada pelo seu próprio desejo de superação e realização pessoal. Mas pode também estar a seguir critérios internos doentios, como já referido anteriormente.
  • Perfeccionismo orientado para os outros: Neste tipo, a pessoa procura a validação e a aprovação dos outros. Isso acontece devido a um desejo nem sempre consciente de parecer bem-sucedida e competente aos olhos dos outros. Pode sentir que sua autoestima depende de aprovações externas e, consequentemente, tem medo do julgamento e da rejeição.
  • Perfeccionismo socialmente imposto: Neste tipo, a pessoa pode estar a sofrer pressão para atender às expetativas da sociedade, cultura ou grupo do qual faz ou deseja fazer parte. Na verdade, muitas vezes a sociedade é exímia em impor um determinado ideal de perfeição, muitas vezes irrealista ou pouco saudável. Isso verifica-se geralmente em áreas de alguma forma relacionadas com a beleza física, carreira e sucesso acadêmico.

Aspetos positivos do perfeccionismo

Embora o perfeccionismo se revista sobretudo de aspetos negativos, obviamente também tem os seus aspetos positivos. Pessoas perfeccionistas frequentemente têm uma forte motivação interna para se superarem, possuem uma forte ética de trabalho, são atentas a pormenores e detalhes e são fortemente comprometidas com a excelência e o sucesso. Além disso, costumam possuir um elevado grau de organização, metodologia e planeamento.

Dessa forma, o perfeccionismo pode ser benéfico, levando à obtenção de excelentes resultados no campo académico ou profissional e promovendo o desenvolvimento pessoal.

 

Quando o perfeccionismo se torna um problema

O perfeccionismo torna-se problemático quando começa a causar acúmulo de stress, ansiedade, baixa autoestima, autocrítica, procrastinação, medo do fracasso, dificuldade em aceitar erros ou falhas e atraso relativo na conclusão de tarefas.

Em casos mais graves, pode mesmo conduzir a problemas de saúde mental, como a depressão e transtornos de pânico e ansiedade.

O perfeccionismo é autodestrutivo simplesmente porque a perfeição não existe.

Brené Brown

Qual a diferença entre perfeccionismo e excelência?

Embora exista alguma confusão acerca disto, perfeccionismo e excelência estão longe de ser a mesma coisa. Por um lado, a excelência é a procura para dar o melhor de si mesmo e para alcançar um alto nível de desempenho de forma realista e saudável. A excelência valoriza o crescimento pessoal e o progresso. Por outro lado, o perfeccionismo é a busca inalcançável pela perfeição. Pode levar ao autojulgamento severo, a um ciclo de constante insatisfação, a uma baixa autoestima, à busca desenfreada por validação externa, a problemas de relacionamento e ao isolamento social.

Rapariga sentada numa floresta, em situação de isolamento e depressão.

Como superar o perfeccionismo

Superar o perfeccionismo é um processo contínuo que exige autocompaixão, resiliência e esforço consciente. Não obstante, ao adotar abordagens práticas, é possível aprender a canalizar o desejo de excelência de maneira saudável, sem cair nas armadilhas da procura pela perfeição.

Seguem-se algumas abordagens que podem ajudar:

Autoconsciência:

O primeiro passo para superar o perfeccionismo é reconhecer que este traço de personalidade está presente e entender como afeta o bem-estar físico, emocional e mental. Tomar consciência de quando e como alguém se torna excessivamente crítico consigo mesmo é fundamental para iniciar a mudança.

Reestruturação de Pensamentos:

Desafiar os pensamentos autocríticos é crucial. Quando alguém apercebe em si pensamentos do tipo “tudo ou nada”, ou seja, quando acredita que algo é perfeito ou é um fracasso total, é importante que proceda à reavaliação desses pensamentos. É importante que procure substituir pensamentos extremos por avaliações mais realistas, reconhecendo que a aprendizagem e o progresso estão cheios de altos e baixos.

Definir Metas Realistas:

Estabelecer metas que sejam desafiadoras, mas alcançáveis, é uma maneira eficaz de evitar o ciclo de procrastinação e insatisfação. Da mesma forma, concentrar-se numa progressão gradual, dividindo grandes objetivos em etapas menores e comemorando cada conquista ao longo do caminho.

Autoaceitação:

É fundamental aceitar que ninguém é perfeito e que cometer erros é uma parte natural do crescimento. Entender que os erros são oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento pode ajudar a reduzir a ansiedade em torno de expectativas irreais.

Praticar a tolerância à Imperfeição:

Considerar uma exposição consciente a situações que envolvam resultados distantes da excelência. Poderá fazê-lo começando por tarefas pequenas e, gradualmente, passando para desafios maiores. Isso pode ajudar a desenvolver uma maior tolerância à incerteza e a resultados que não sendo perfeitos são bastante aceitáveis.

Praticar o Autocuidado:

Cuidar da sua saúde física e mental é essencial para superar o perfeccionismo. Práticas como a meditação, prática regular de exercício físico, sono adequado e conexões sociais positivas podem ajudar a reduzir a ansiedade e o stress associados ao perfeccionismo.

Procurar Ajuda Profissional:

Quando o perfeccionismo está a afetar de forma significativa a saúde mental e a qualidade de vida, procurar a ajuda de um coach ou terapeuta pode ser extremamente benéfico.

 

Conclusão

É importante reconhecer que o perfeccionismo não é uma característica estritamente positiva ou negativa. Em muitos casos, pode impulsionar ao sucesso e à realização. No entanto, quando leva a padrões inatingíveis e a sofrimento emocional, é necessário abordá-lo de uma forma consciente.

É, pois, fundamental reconhecer as consequências negativas do perfeccionismo e procurar maneiras saudáveis de lidar com ele. A busca pela excelência e pelo crescimento pessoal é valiosa, mas importa lembrar que a imperfeição faz parte da experiência humana e que a aceitação dessa mesma imperfeição é primordial para a saúde mental e emocional.

*Helena Martins é Terapeuta e Coach com foco em Propósito de Vida e Transformação Pessoal. Nas suas consultas utiliza ferramentas do Life-Coaching, da Terapia Transpessoal, do Método de Louise Hay e da Psicossomática.

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