A coexistência de diferentes pontos de vista em relação a determinado assunto ou situação pode por si só moldar os relacionamentos interpessoais. Nesse sentido, tanto a aceitação como a valorização das perspectivas dos outros são essenciais para cultivar relacionamentos saudáveis e enriquecedores.

Porquê aceitar diferentes pontos de vista?

Criar um ambiente harmonioso

Definitivamente, cada um de nós possui uma bagagem única, experiências pessoais e crenças que influenciam a nossa forma de ver o mundo. Por conseguinte, devido a termos interpretações diferentes do mundo, será perfeitamente normal que tenhamos pontos de vista diferentes. A nossa verdade pode ser muito diferente da verdade de outra pessoa que vive ou viveu circunstâncias diferentes das nossas. Por isso, ao dar abertura para que diferentes pontos de vista sejam ouvidos e respeitados, estamos a reconhecer a individualidade do outro e a fomentar um ambiente de compreensão e aceitação.

Evolução pessoal

Além disso, o facto de se reconhecer e aceitar diferentes pontos de vista contribui para a evolução pessoal e aprendizagem mútua nos relacionamentos. Quando nos abrimos para diferentes perspectivas, somos incentivados a questionar as nossas próprias crenças e conceitos, desenvolvendo assim uma mentalidade mais aberta e flexível. Em suma, a troca de pontos de vista desafia-nos a sair da nossa zona de conforto e promove o autoconhecimento e a evolução.

Comunicação e conexão

Outro aspeto importante é que diferentes pontos de vista podem contribuir para o enriquecimento das relações interpessoais. Ao permitirmos que diferentes perspectivas sejam expressas e respeitadas, estamos a fortalecer a comunicação e a conexão. Nesse contexto, através do diálogo construtivo e da escuta ativa, somos capazes de construir uma base sólida de confiança e empatia, enquanto com isso contribuímos para o fortalecimento dos vínculos afetivos.

Respeito e empatia

Convém sublinhar que pelo facto de nos abrirmos a diferentes pontos de vista não ficamos de forma alguma obrigados a concordar com esses mesmos pontos de vista. No entanto, é importante que o confronto de opiniões seja conduzido de forma empática e respeitosa. E isto porque o objetivo não deve nunca passar por tentar converter o outro ao nosso ponto de vista, nem sermos subjugados pelo ponto de vista do outro, mas sim procurar uma compreensão mútua e encontrar um equilíbrio para uma convivência harmoniosa.

Promover a aceitação de diferentes perspectivas

Quantas discussões tiveste ao longo da vida com familiares, amigos ou mesmo com colegas de trabalho? É possível que todas elas te tenham levado a um estado de fúria mais ou menos intenso.  Provavelmente sentiste os nervos tão à flor da pele que só conseguiste entender as tuas próprias razões e pouco ou nada te importaste com os pontos de vista da outra pessoa. Era como se tivesses a certeza de que eras dono da razão, estou certa?  

Agora, à distância do tempo, sempre que te recordas de alguma dessas discussões sentes um amargo de boca. Tudo perdeu a importância que lhe atribuíste na altura e pode até ser que te arrependas de ter ido tão longe como foste.

Técnica de PNL

Se te revês com o que acabei de referir e gostarias de te abrir mais à compreensão das perspectivas dos outros, indico-te uma técnica de PNL criada por Richard Bandler:

• Pensa numa discussão que tenhas tido com alguém e que ainda esteja bem presente na tua memória. Tens de ter a certeza de que estavas com a razão. Relembra-te de todas as cenas do episódio, tintim por tintim.

• De seguida, passa de novo todas as imagens na tua memória, mas tenta dissociar-te, ou seja, sair da tua própria pessoa e colocar-te de parte. Peço-te, pois, que ajas como se fosses um mero espectador. Observa todas as cenas, do princípio ao fim. Da mesma forma, repara nas tuas reações, nas tuas expressões, nas palavras que utilizaste. Observa de seguida com atenção os argumentos do teu interlocutor e procura identificar os seus pontos de vista.

Poderás ficar surpreendido com os resultados desta experiência. Algumas pessoas notam de imediato pontos sem nexo no seu próprio argumento. Verificam que falaram simplesmente por impulso e que não prestaram atenção aos pontos de vista do outro. Pela primeira vez têm capacidade de dar ouvidos ao que a outra pessoa lhes queria transmitir na altura da discussão. Há quem se sinta mesmo ridículo ao observar o seu rosto, o seu tom de voz alterado e nervoso e o seu comportamento.

E tu, como te sentes? Ainda tens a certeza de que estavas com cem por cento de razão nessa discussão?

Pontos de vista e a sua subjetividade

Na realidade, pontos de vista são algo muito subjetivo. Para um professor, as coisas podem ser bem diferentes do que para os seus alunos, tal como para um pai e os seus filhos. Para um idoso, as perspectivas também não se equiparam às de uma criança ou de um jovem. Culturas, épocas, áreas geográficas, raças e etnias, status, idades, o próprio sexo, podem fazer divergir os pontos de vista.

O que hoje é verdade, amanhã deixa de o ser, bem assim como o que é ou foi proibido, pode passar a ser permitido e por vezes até desejado. O que em algumas culturas é normal, noutros sítios do globo pode ser proibido e mesmo punível com penas pesadas.

Gostaria também de te deixar um truque muito simples, mas poderoso que poderás utilizar sempre que alguma divergência de opiniões te faça “ficar fora de ti”:

• Respira fundo e pergunta-te o que vais achar desse incidente passadas algumas semanas.
• Será que isso fará alguma diferença dentro de algum tempo? Se a resposta for não, então será que vale mesmo a pena perderes tempo a aborrecer-te?

Considerações finais

Os pontos de vista são fundamentais nos relacionamentos, uma vez que são expressões da individualidade e diversidade de pensamentos de cada pessoa. Nesse sentido, ao valorizar e compreender os pontos de vista do próximo, estamos a fomentar relações mais saudáveis, enriquecedoras e gratificantes. Investir no diálogo aberto, no respeito mútuo e na disposição para ouvir são atitudes que fortalecem os relacionamentos, contribuindo para o crescimento pessoal e interpessoal.

Por conseguinte, faz um esforço para estar mais atento aos pontos de vista dos outros. Procura “colocar-te na sua pele”, como se costuma dizer. E se as vossas opiniões divergirem, entende que não é necessário estar em concordância com tudo. Duas pessoas ou mesmo um grupo podem perfeitamente ter pontos de vista diferentes e coexistirem pacificamente. Respeito e tolerância são chaves básicas para evitar conflitos e criar relacionamentos harmoniosos.

*Helena Martins é Terapeuta e Coach com foco em Propósito de Vida e Transformação Pessoal. Nas suas consultas utiliza ferramentas do Life-Coaching, da Terapia Transpessoal, do Método de Louise Hay e da Psicossomática.