Como superar a baixa autoestima

Picture of Helena Martins

Helena Martins

Não podemos falar acerca de baixa autoestima sem antes entender o que é a autoestima. Muitas pessoas associam autoestima a conceitos de estética ou beleza externa. Contudo, a autoestima vai para além do corpo físico e tem mais a ver com processos psicológicos e emocionais.

O que é a autoestima?

Autoestima tem a ver com a forma como nos consideramos a nós próprios. E isso está intimamente ligado com o nosso senso de identidade e capacidade.

Se o sentimento de valor e de competência pessoal de alguém for positivo, então podemos dizer que a sua autoestima está boa e se recomenda. Onde existe uma boa autoestima, existe autorrespeito e autoconfiança. Existe também capacidade de lidar com os desafios e de aprender com as contrariedades da vida.

A importância de ter uma autoestima saudável

A Organização Mundial de Saúde define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”. Isso implica que para que alguém possa ser considerado saudável, precisa de ter atitudes positivas em relação a si mesmo, bem assim como capacidade de autodesenvolvimento e autorrealização.

Assim sendo, a autoestima pode ser um importante indicador de saúde mental, uma vez que interfere de forma significativa nas condições afetivas, psicológicas e sociais dos indivíduos. Não se pode gozar de bem-estar mental quando não se acredita em si próprio e nas suas potencialidades.

Por certo, quem tem uma autoestima saudável arrisca correr atrás dos seus sonhos. Por acreditar nas suas capacidades, tem mais chances de conquistar os seus objetivos e ser bem-sucedido. E mesmo que cometa erros, será capaz de aceitar críticas e aprender com esses erros.

Perigos de uma baixa autoestima

Alguém que possui uma baixa autoestima arrisca-se a levar uma vida limitada e medíocre.

Afinal de contas, a visão distorcida de si mesmo impõe-lhe dificuldades ao nível da comunicação e interação social. Não vai conseguir impor limites nem expressar com clareza as suas necessidades. Na realidade, não se considera sequer digno de ver essas necessidades atendidas.

Na área profissional, a insegurança e o medo da exposição vão impedir essa pessoa de se afirmar ou de expor os seus argumentos, mesmo perante situações que a prejudiquem.

Contudo, o perigo maior será certamente a tendência para poder vir a sofrer de distúrbios psicológicos, como depressão, ansiedade, episódios de pânico, transtornos obsessivos-compulsivos, transtornos alimentares como a anorexia e a bulimia, fobias sociais, transtornos de aprendizagem, distúrbios do sono, dependências e até risco de suicídio.

Rapariga sentada no chão, com as mãos agarradas à cabeça, sugerindo distúrbios psicológicos relacionados com baixa autoestima.

Caraterísticas das pessoas com baixa autoestima

Falta de confiança em si próprio

Esta será talvez a caraterística mais determinante de quem sofre de baixa autoestima. Por não se conhecer nem se valorizar, acaba por ter um fraco conceito de si próprio. Sente-se inferior aos seus pares, colocando os interesses dos outros à frente dos seus.

Por conseguinte, tem receio de assumir riscos e de efetuar mudanças. Não se sente capaz de alcançar metas e objetivos. Por causa disso, acaba por perder oportunidades para crescer e evoluir.

Medo da rejeição

Este é um medo que pode vir de infância, devido a episódios em que foi rejeitado e desvalorizado. Não foi capaz de lidar com essa dor e guardou-a nas profundezas do seu ser. Para não entrar em contacto com essa dor, aprendeu a evitar pessoas e circunstâncias que possam trazer de novo a lembrança dessa rejeição. Autoexclui-se e rejeita ele próprio os outros sempre que sente a ameaça da rejeição.

Desejo de perfeição

Pessoas com baixa autoestima são perfeccionistas. Exigem muito dos outros e ainda mais de si mesmos. Por causa disso, colocam sempre defeitos em tudo.  Não conseguem aceitar as suas limitações e não se permitem errar.

Esse seu desejo obsessivo de perfeição, impulsiona-os também a fugir a responsabilidades, procurando atribuir as culpas a outras pessoas ou às próprias circunstâncias.  É-lhes também difícil lidar com as críticas dos outros.

Procurar corresponder às expetativas dos outros

Têm tendência a comparar-se com as outras pessoas. Preocupam-se com o que os outros pensam ou dizem em relação às suas ações e comportamentos. Procuram constantemente elogios e reconhecimento por parte de quem os rodeia.

O que acontece é que por causa disso acabam por matar a sua própria criatividade e autenticidade. Deixam de ser genuínos. Acabam a viver não a sua própria vida, mas a vida que os outros querem.

Medo de enfrentar desafios

Enfrentar desafios e mudanças é algo que costumam evitar a todo o custo. A falta de confiança em si próprios, aliada ao medo de rejeição e desejo de perfeição fazem ainda com que tenham tendência à preguiça e à procrastinação.

Como aprender a amar-se a si próprio?

Investir no autoconhecimento

Este é talvez o passo mais importante para alguém aprender a amar-se a si próprio. Quem investe em autoconhecimento torna-se capaz de se conhecer bem, tomando consciência dos seus pontos fortes e fracos, dos seus talentos e paixões.

Afinal, só quando te conheces verdadeiramente, consegues aceitar-te como és, com as tuas qualidades e defeitos. E aceitar-te como és é certamente uma das chaves para uma autoestima saudável.

E neste ponto é preciso que tenhas consciência que nem toda a gente te vai aceitar. Faças o que fizeres, haverá sempre pessoas que não vão gostar de ti. Porém, acredita que quando reconheceres o teu valor, não te vais importar que determinadas pessoas não gostem de ti. A tua validação interna sobre ti próprio será suficiente.

Focaliza-te, por isso, nos teus pontos fortes. Se te puseres a olhar sistematicamente para os teus defeitos e para os erros que cometeste ou possas vir a cometer, viverás em frustração.

Aprende a gostar de ti próprio como se fosses a pessoa mais importante da tua vida. E nota que és mesmo a pessoa mais importante da tua vida. Cuida bem de ti. Trata-te com carinho. Se não te amares a ti próprio, não poderás amar os outros.

  • Conheces-te a ti próprio?
  • Estás contente por seres quem és? Ou gostarias de mudar algo na tua personalidade?
  • Sentes admiração ou rejeição por ti próprio?
  • Escolherias alguém igual a ti para ser o teu melhor amigo?

Repensar as próprias crenças

Para ter uma autoestima saudável precisamos de analisar muito bem os nossos pensamentos, comportamentos e atitudes. Alguns serão sensatos e benéficos. Alguns outros nem por isso, na medida em que nos limitam e condenam à estagnação.

  • Tens presente quais são as crenças que te bloqueiam e impedem de avançar na vida?
  • Essas crenças são mesmo verdade? Não existe ninguém que, por ter crenças opostas às tuas, tenha obtido o que gostarias de obter para ti próprio?

Curar o seu passado

Uma baixa autoestima, na maior parte das vezes, tem as suas raízes bem assentes num passado doloroso e traumático. Numa infância em que não se foi protegido, cuidado ou valorizado.

Nestes casos, é necessário curar as feridas emocionais que possam persistir, aceitar esse passado e perdoar as pessoas e circunstâncias envolvidas.

  • Sentes que a tua baixa autoestima tem origem num passado doloroso?
  • Sentes que está na hora de curar esse passado e seguir em frente com a tua vida?

Aceitação e acolhimento

Gostar de nós mesmos implica aceitação de quem somos. Sempre que não acolhemos certas partes de nós, quer seja a nível físico, mental ou emocional, estamos de facto a contribuir para o enfraquecimento da nossa autoestima.

Rapariga sorridente, fazendo um coração com as mãos, sugerindo amor próprio.

1.      Nível físico

Algumas pessoas que me procuram referem que se sentem diminuídos devido a serem pequenos ou gordos ou feios, segundo os seus critérios de estética. Esses critérios de estética foram moldados, a maior parte das vezes, pela sociedade e pelos media. Mas será que esses critérios de estética são coerentes e realistas?

  • Existe alguma parte do teu corpo que não gostes ou aceites? Porquê?
  • Tens alguma limitação física ou doença que te faça sentir diminuído? O que dirias a um ente querido que tivesse essa limitação ou doença?

2.      Nível mental

Outras pessoas, referem que se sentem diminuídos devido ao seu nível de inteligência e racionalidade. Comparam-se com pessoas da área da ciência e da física e esquecem-se que são excelentes artistas, artesãos ou outra área criativa. Sentem-se diminuídos perante alguém que esteja mais bem informado ou que tenha um nível de escolaridade superior ao seu. Mas será o nível de escolaridade o que melhor nos define como pessoas?

Com toda a certeza, sempre que entramos no campo de comparação com outras pessoas, saímos sempre a perder. Talvez o façamos porque somos formatados numa sociedade que não considera as nossas diferenças enquanto seres humanos. Contudo, não somos todos iguais nem temos histórias de vida, circunstâncias ou percursos idênticos. Daí a inutilidade de nos compararmos uns com os outros.

  • Tens tendência a estabelecer comparações ao nível da inteligência e racionalidade?
  • Sentes-te diminuído quando te encontras perante alguém que tenha um nível de escolaridade superior ao teu?

3.      Nível emocional

Por outro lado, ao nível dos sentimentos e emoções, algumas pessoas referem que se sentem diminuídas por terem períodos de mau-humor. Ou sentem-se “más pessoas” por terem emoções consideradas negativas como mágoa, raiva, ciúmes, inveja, ressentimento ou medo.

A verdade é que não conheço ninguém que estivesse sempre de bom-humor. É normal ter flutuações de humor. Umas vezes sentimo-nos nos píncaros e outras vezes sentimo-nos mais para baixo. Só se formos mestres do disfarce conseguiremos mostrar sempre boa disposição.

Se somos humanos, todos sentimos também emoções consideradas negativas. Mas serão essas emoções mesmo negativas? Não estarão a servir-nos de alerta de que determinadas coisas na nossa vida não estão bem e precisam ser mudadas? Não estarão a servir de alavancas para o nosso crescimento?

Negativo será certamente reprimir emoções, negando a sua existência.

  • Tens tendência a esconder ou reprimir determinadas emoções que consideras indignas?

Ter confiança em si próprio

Uma das formas mais simples de obteres confiança em ti próprio pode passar por fazer uma lista com todas as tuas realizações positivas ao longo do tempo.

Quando tens bem presente essas realizações, apercebes-te que tens capacidade para alcançar tudo o que desejas. Não precisam de ser grandes realizações. A tua vida, tal como a vida de todos nós, está repleta de pequenas vitórias.

Manter um diálogo interno positivo

Alguém que sofra de baixa autoestima, é alguém que necessariamente repete para si próprio palavras negativas. Não se trata com o devido amor e respeito.

Nos teus piores momentos, pessoas virão para te colocar mais para baixo. Não sejas como essas pessoas. Na verdade, tu és o teu maior inimigo quando dizes coisas negativas sobre ti próprio. A forma como te tratas acaba por criar obstáculos ao teu desempenho.

Por isso, esforça-te por prestar atenção à qualidade dos teus pensamentos. Se detetares que manténs um diálogo interno negativo, questiona-o primeiro para poderes depois substituí-lo.

Libertar-se do perfeccionismo

Outra coisa que precisamos aprender é que errar faz parte do processo de aprendizagem de todo o ser humano. Quem não comete erros também não alcança grandes realizações.

Em última análise, os erros podem ser vistos como tentativas que falharam, mas que poderão dar certo se fizermos de outra maneira.

“Eu não falhei, encontrei 10 mil soluções que não davam certo.”

Thomas Edison

Muitas das nossas conquistas devem-se à aprendizagem adquirida pela tentativa e pelo erro. Podemos aprender com os erros dos outros ou com os nossos próprios erros. O maior erro será certamente nunca se permitir errar.

Por isso, não te recrimines pelas tuas falhas e imperfeições. Fazem parte de ti e da tua história de vida. Não tens de ser o melhor em tudo nem tens de agradar a toda a gente. Aliás, já sabes que é impossível agradar a todos.

*Helena Martins é Terapeuta e Coach com foco em Propósito de Vida e Transformação Pessoal. Nas suas consultas utiliza ferramentas do Life-Coaching, da Terapia Transpessoal, do Método de Louise Hay e da Psicossomática.



Partilhar:

Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

Workbook Grátis!

Deixa o teu melhor email para receberes a oferta!